domingo, 9 de novembro de 2008

Herzog e De Meuron em São Paulo

Os suíços Jacques Herzog e Pierre de Meuron (esses dois ai do lado), vão assinar o projeto do futuro teatro de dança e de ópera, que servirá de sede para a São Paulo Companhia de Dança. O novo espaço ocupará o terreno da antiga rodoviária da cidade, em frente à Sala São Paulo, na Luz.
O custo total, é de R$ 300 milhões, que virão do Tesouro do Estado. Os arquitetos escolhidos ganharão entre 6,5% e 8,5% do valor total da obra, algo entre R$ 19,5 milhões e R$ 25,5 milhões. "Como acontece em todos os nossos projetos, precisamos conhecer melhor a cidade onde vamos trabalhar, analisar, compreender, olhar a região", disse De Meuron, em recente entrevista ao Jornal Folha de São Paulo.
O nome de Herzog e De Meuron foi consenso entre o grupo que vem pensando o formato do futuro teatro. Foram preteridos escritórios de renome como o OMA, responsável pelo Nederlands Dans Theater em Haia; o Foster + Partners, que assinou o City Hall de Londres; e o Pelli Architects, autor do Carnival Center for the Performing Arts, em Miami.
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"O escritório deles se mostrou muito disponível e interessado nesta empreitada." diz o comunicado do governo de SP.
Que coincidência! Por R$ 19 milhões, até eu me mostraria disponível e interessado!!!
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Herzog e De Meuron têm até março de 2009 para finalizar o projeto.
Segundo consta, os arquitetos irão montar uma filial aqui em São Paulo com 20 profissionais.
A obra deve começar no segundo semestre de 2009, com conclusão prevista para final de 2010.
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O que será que vai sair?? E esse valor absurdo?? Acredito, que com exceção ao projeto do Siza, em Porto Alegre, todos os projetos astronômicos solicitados no Brasil para os star architects, foram um fracasso. Exemplos? Christian de Portzamparc e a cidade da música, e o Museu Guggenheim, por Jean Nouvel, ambos no Rio de Janeiro.
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Posts recentes sobre os arquitetos:
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11 comentários:

Liziane Milgarejo disse...

Me servia um projeto desses!!
Disponíbilidade e interesse de monte! heheheee

Guilherme Moraes disse...

Isso não me merece comnetário, apenas algumas frases de indignação. Obvimanete veremos uma arquitetura high tech de gosto duvidável e certamente o volume principal será iluminado de todo. Veremos algumas estruturas aparentes revestidas com algum metarial imitando aço. De interessante o sub-solo com algumas galerias para reparo de obras. O Brasil começa a ser canteiro das estrelinhas da arquitetura. Estes senhores, Herzog e De Meuron, são responsáveis atualmente por algumas tragédias arquitetônicas.

Anônimo disse...

O que me irrita é esse tipo de crítica que não tem fundamento algum com relação ao novo projeto!Como assim " O Brasil começa a ser canteiro das estrelinhas da arquitetura?" Usar dois exemplos pra defender essa afirmação é no mínimo sem fundamento!
E definir um projeto como sendo " uma arquitetura high tech de gosto duvidável..." sem mesmo conhecer o projeto, é anti ético. O que se vê na verdade é uma rejeição por parte dos profissionais do ramo( uma grande parcela) que por um motivo ainda não compreendido por mim, não aceitam exemplares de arquitetura vindos do exterior. Uma idéia um tanto ultrapassada diga-se de passagem! Até porque Arquitetos de grande influência mundial já fizeram inúmeras obras em países que algumas vezes desconheciam. O nosso próprio Oscar realizou projetos em outros países sem mesmo ter os conhecido. Renzo Piano tem obra na França, Norman Foster tem obra na Alemanha, Zaha Hadid nos EUA. Enfim , exemplares são inúmeros. Aí vem a pergunta, alguem reclamou? Por que virar a cara para a arquitetura que vem de fora? Por que o medo de aceitar ela como arquitetura? Estamos diariamente expostos a arquiteturas de péssima qualidade que surgem a medida que a demanda aumenta, e ficamos calados quanto a isso. Por que não se revoltar com isso? Depois da obra de Siza realizada em Porto Alegre, e que me deixou extremamente feliz por fazer parte de minha cidade, imaginei que o pensamento em relação a isso tivesse mudado de alguma forma. Que de alguma forma nós profissionais conseguiriamos perceber a importância que a arquitetura que vem de fora tem na nossa produção arquitetônica. Mas não, o que vejo aqui é que nada mudou.
Espero realmente que obras como estas inspirem nossos estudantes a serem profissionais cada vez melhores e descontentes com esse tipo de crítica feita por pessoas que desconhecem o valor real da profissão como todo.

Anônimo disse...

Bom,eu tenho que concordar com o Felipe, onde se viu o protecionismo levar a alguma evolução? É ridiculo achar que proibir a vinda de "stars" arquitetos para o país vai salvar a nossa classe. Talvez, essas obras de grande significado para o país estejam caindo na mào desses profissionais seimplesmente porque aqui nào tem quem faça... chaga de hipocresia, é só olhar na volta, a arquitetura brasileira vem falida há tempos, e nossas universidades cada vez "despejam" no mercado profissionais mais incapazes, exceto alguns auto-ditatas que se salvam por conta própria... e o que essa geração faz... fica brincando de reinventar o modernismo em cada obra. Tá na hora de chutar a bola pra frente.. e goste ou não, aqui nào tem ninguem capaz de utilizar a tecnologia como vimos nos escritórios do exterior. Tambem não sou um fã incondicional do trabalho que esses arquitetos já mostraram, mas acho que vale pela inovação, pela ousadia, pela troca... quem sabe não seja esse o empurrão necessário para voltarmos a fazer arquitetura de verdade aqui nesse pais... lá pelos anos 20 foi Le Cobursier que veio e trouxe uma luz sob a qual a nossa arquitetura brilhou aos olhos do mundo, agora vieram Siza, Portzamparc, Herzog e De Meuron, vamos ver se dessa vez nào deixamos o cavalo passar, e começamos uma nova história da nossa arquitetura, ao invés de insistirmos tanto em reinventar mil vezes o moderno e passar a vida de corando interiores e fachadas.

MiguelCañas disse...

Li uma reportagem do sócio da Zaha Hadid, o Patrik Schumacher, não sei se foi na Projeto ou na AU...e ele vai nessa linha do Felipe. Se o Brasil não se abrir pra novos projetos ele vai ficar pra traz. Chamou o Brasil - com razão - de isolado, defende que o futuro é de uma arquitetura internacional e globalizada e que os estudantes brasileiros tem que estar preparados pra competir no mercado internacional, não apenas aqui, no nosso mundinho. Como tudo no futuro a arquitetura também será globalizada e nós temos que estar preparados pra isso. A arquitetura contemporânea está em todo o mundo. Permitir que arquitetos de fora projetem aqui é talvez uma maneira de aprender alguma coisa...Pra arquitetura não há fornteiras.

mateussz disse...

Demorei a me posicionar no meio dessa turbulência toda. Entendo perfeitamente os dois lados. Diplomacia sempre faz bem.
Não é protecionismo, preconceito, medo de concorrência. Já vinha questionando Herzog e de Meuron em outros posts.
Que questiono, é o porquê da escolha desses arquitetos? Não seria justo um concurso, como é comum na Europa? Afinal, o dinheiro investido é público.
O que vejo com essa entrada dos “starchitects” é um intercâmbio, é ver o país fazer parte do “cenário arquitetônico mundial”, como já se compartilha com Porto Alegre – o que também me orgulha, e muito. A obra de lá, foi feito com capital privado (com benefícios fiscais, claro). Foram várias etapas até escolher o arquiteto que combinasse com a obra de Iberê.
O que vejo no caso dessas trapalhadas governamentais (como no Rio), cabe perfeitamente uma frase do arquiteto chileno Alejandro Aravena: “A busca pela independência da arte pela arte tem um preço: o preço da irrelevância”.
O que se precisa? Gestores lúcidos e inovadores na hora de suas escolhas. É o caso de Porto Alegre.

mateussz disse...

E como disse Niemeyer recentemente: “A briga ta boa!”

Anônimo disse...

Parabéns pela discussão.
Isso é ótimo para os profissionais e a arquitetura brasileira.
Mas como noticiado na mídia, o escritório dos arquitetos suíços Jacques Herzog e Pierre De Meuron foi contratado pelo governo do estado de São Paulo para projetar a sede da São Paulo Companhia de Dança no centro da capital paulista.
Com orçamento estipulado em 300 milhões de reais, dos quais entre 6,5% e 8,5%, ou seja até 25 milhões, serão cobrados pelo projeto, terreno de 19 mil metros quadrados, programa, baseado em recomendações da "Theatre Projects Consultants" prevendo três salas de espetáculos 1.750, 600 e 450 lugares e, talvez o mais importante, fazendo parte do processo de revitalização do centro da capital paulista, o projeto se insere numa séria de intervenções recentes de arquitetos internacionais no Brasil.
No Rio de Janeiro está sendo concluída a construção da Cidade da Música do arquiteto francês Christian de Portzamparc, obra bancada pela prefeitura local e que está atualmente sob investigação relacionada a suposto superfaturamento orçada inicialmente em 80 milhões de reais, sendo que os gastos estão chegando na casa dos 500 milhões.
Em Porto Alegre foi inaugurado recentemente o Instituto Iberê Camargo do arquiteto português Álvaro Siza, projeto construído com recursos privados e que rendeu ao seu autor o Leão de Ouro da Bienal de Veneza.
São grandes nomes cujas obras são reconhecidas mundialmente e que conseguiram emplacar projetos diferenciados no Brasil. No entanto, ao arquiteto brasileiro é ensinado ainda na faculdade que a arquitetura daqui é mais simples do que a feita no exterior, que para a realidade nacional é impensável realizar projetos de tal escalão, etc. Bom, juntamente com pouquíssimos edifícios projetados por arquitetos brasileiros, dentre eles se destacando ainda os projetos de um arquiteto centenário, os projetos mencionados acima provam claramente que essa é apenas mais uma desculpa pela mediocridade generalizada presente na arquitetura brasileira. Ou seja, é possível sim, criar arquitetura de ponta em todos os sentidos no Brasil. Ou será que estou enganado?
Por outro, são notórias as particularidades político-econômicas e sociais em que tais obras foram ou estão sendo realizadas. Denúncias de corrupção de entidades públicas, superfaturamento, franco desrespeito às entidades da área e dos processos legais requeridos para a contratação e construção de projetos licitação, concurso aberto, transparência de gastos, etc., posicionamento contrário dos profissionais locais para a contratação de escritórios estrangeiros, entre tantos outros problemas acompanham o desenvolvimento dos projetos mencionados acima. Apesar disso não ser uma exclusividade nacional, será que não é possível realizar um projeto desse tipo de uma forma mais transparente e coerente?

Anônimo disse...

Há contradições nisso tudo aí.
Me pergunto sinceramente: qual é o problema de verdade?
Será que são Herzog e De Meuron?
Acho que concordamos que o escritório de Herzog De Meuron tem um acúmulo inédito de intelectuais, com ideias, técnicas, conhecimento, recursos e conceitos muito avançados. Vão com certeza entender a delicadeza desta obra e, sem dúvida, vão construir uma obra que poucos de nós poderemos imaginar. Não é nada ganhar o Pritzker com somente 23 anos de carreira. Mal posso esperar uma obra deles, uma obra desenvolvida para a realidade Brasileira.
Será que o problema é que eles são estrangeiros?
Neste país tão multi-cultural, seria estranho. Para a história de arquitetura do Brasil, basta digitar os nomes do Warchavchik, Le Corbusier e Lina Bo Bardi para entender que até seria levemente hipocrisia. Então, quando um projeto desse bate na porta, por que reclamar? Veja a bela coleção de arte do MASP. Que delícia ver um Picasso ou um Van Gogh de perto, sem pegar nenhum avião! Por todos os arquitetos de hoje e de amanhã, fiquei muito feliz que a obra dos alpinistas está chegando.
É por causa do custo da obra ou por que esse dinheiro teria metas bem melhores?
Concordo plenamente que é muito dinheiro e que têm muitos outros destinos que poderiam se beneficiar também. Moradia popular é um só, também tem ensino, saúde, transporte, segurança, energia, saneamento, poluição, meio ambiente etc. Mas isso não tem nada a ver com arquitetura e sim com política. A verba para esse projeto já está reservada no orçamento público desse governo e serve como dado tanto para nós o povo, do que para os arquitetos, não importa como chamam ou de onde são. No outro lado, acho que esse investimento não vai somente resultar em uma sede de dança, mas também em uma obra de arte, que vai revitalizar um pedaço considerável da cidade, como uma pedra jogada na água. Será nossa responsabilidade evitar que corrupção ou o mau planejamento financeiro sujem essa iniciativa.
É por causa do processo de seleção?
O processo de seleção com certeza e discutível. Um concurso público talvez seria melhor, pelo menos mais divertido para nós arquitetos. Mas, duvido se iria resultar num projeto melhor, duvido se os 4 escritórios da seleção inicial iriam participar, duvido também se um projeto bem pensado da Herzog e DeMeuron é inferior aos 150 ou 200 projetos tipo concurso. Duvido ainda se um concurso iria garantir o prazo de 2010 e o custo de 300 milhões. E, duvido se nós teríamos essa discussão se Paulo Mendes da Rocha ou Oscar Niemeyer fossem indicados para este projeto.
Mas para terminar, achei bem audacioso do governo em usar a mesma lei que evitou concursos públicos no passado, agora para indicar um escritório suíço. Também achei o gosto do governo bem melhor do que aquele que vejo em muitos bairros dessa cidade.
Espero que iremos ganhar uma obra que realmente valha a pena.
Muito bom o tópico. Apesar de curto, expressa bem a opinião do "dono" do blog.
Virei mais vezes.

FilipE disse...

E ai, ninguém comenta mais sobre o projeto deles para sao paulo? A proposta foi divulgada e nada se falou...Ou será que a proposta nao apresenta uma estrutura high tech de gosto duvidável com um volume principal iluminado de todo? Ou ainda algumas estruturas aparentes revestidas com algum material imitando aço. Será que por fim o que sobrou de interessante foi apenas o sub-solo com algumas galerias para reparo de obras?

mateussz disse...

FilipE, legal que voltaste. Essa semana estavamos comentando, eu e um amigo, que tinha que postar o resultado do projeto, que eu achei fantástico. O que questiono nessa função toda, são os valores dessa obra e o por quê de não ter um concurso, como o projeto do MIS, em copacabana.
No más, por H&DM serem ousados, em alguns projetos eles erram na dosagem.
Abraço

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