sábado, 14 de fevereiro de 2009

Imprensa e Governo passionais

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Quero, nesse post, ser totalmente isento de posições partidárias e passionais. É apenas uma análise do que pode se chamar de manipulação, e o ótimo uso de frases de impacto quando é a favor de alguns, para tirar proveito das situações.
Estou tentando organizar o pensamento, e juntar algumas situações.
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O sensacionalismo da imprensa chegou no limite! Ainda bem.
Já havia colocado um post sobre o jornalismo-tragédia aqui, sobre as enchentes em Santa Catarina, no final de 2008.
Depois de algum tempo sem ter notícias trágicas, o caso da advogada Paula Oliveira, que supostamente foi atacada por neonazistas suíços, alvoroçou a mídia atrás de ibope. Todos defenderam a brasileira, mesmo sem provas, numa caso lamentável de parcialidade e de querer o "furo de reportagem" à todo o custo.
Ningém sabe ao certo o que aconteceu ainda. Mas tudo indica pra mais um caso de transtorno de personalidade borderline.
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É inadimissível que canais de comunicação coloquem no ar notícias factóides, como se estivesse numa de mesa de bar.
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O que aconteceu? A imprensa mundial tá sentando o pau no governo e na mídia brasileiros.
Quem acompanha os discursos presidenciais já ouviu Lula dizer dezenas de vezes que todos são inocentes até prova em contrário, que o Ministério Público e a Polícia Federal não devem cometer abusos, que condenar um inocente é tão grave quanto inocentar um culpado e blá blá blá...
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"A democracia garante que todos, sem distinção, são inocentes até prova em contrário e que, portanto, todos precisam ter um julgamento com a maior lisura possível, para que não se cometa nenhum erro de omissão e nenhum erro de exagero em qualquer das nossas instituições", disse Lula, em junho de 2007.
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Agora, esquecendo qualquer pronunciamento anterior, O presidente reagiu indignado à agressão à brasileira. “O que nós queremos é que eles respeitem os brasileiros lá fora como nós os respeitamos aqui e como nós os tratamos bem aqui. Acho que não podemos aceitar e não podemos ficar calados diante de tamanha violência contra uma brasileira no exterior”, afirmou.
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Claro que o tratamento digno, o respeito deve ser cobrado dos outros países... Mas espera um pouco pra se pronunciar. O presidente, na época do mensalão demorou meses pra dar seu parecer...
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Agora, a imprensa suíça comenta que a mídia no Brasil traz regularmente "notícias de fatos totalmente inventados, acusações que já destruíram a vida de outras pessoas", além de afirmar que "a gravidez inventada, segundo se conta" seria artifício comum entre as brasileiras "para pressionar maridos e companheiros". E agora????
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O texto também diz que a imprensa brasileira "passou dos limites, indo especialmente longe no julgamento de supostos incidentes neonazistas e racistas na Suíça", e que "Eles expuseram o Brasil ao ridículo".
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Pode ser que agora, o jornalismo-tragédia nos dê um tempo - prudência sempre é bem-vinda e o pré-julgamento pode causar danos irreparáveis...
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Só espero que os fatos sejam esclarecidos. E que todos são inocentes até provarem o contrário.
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3 comentários:

Adadas disse...

E a mídia suiça, por acaso é perfeita? Não foram eles que noticiaram que não foram neonazistas porque neonazistas não "cortam" pessoas ou que "obviamente" ela mesma se cortou apenas e exclusivamente porque os ferimentos estavam ao alcance de sua mão sem qualquer outra evidência? E esse comentário de que brasileiras costumam inventar gravidez para enganar companheiros... claramente um eco da idéia européia de que todas as brasileiras são prostitutas. Antes de virar um "capitão do mato", perceba que europeus, mesmo sendo 1º mundo, FREQÜENTEMENTE são provincianos e reacionários e que nós, sulamericanos subdesenvolvidos, não somos automaticamente selvagens sem cultura que não sabem se comportar civilizadamente frente a outros países.

mateussz disse...

Toda ação gera uma reação.
Não virei capitão-do-mato (achei massa o termo hehe!). Só usei esse caso pra expressar que quando convém "todos são inocentes" e que
a notícia não tem vindo peneirada. Qualquer boato vira notícia urgente.
Independentemente do exemplo que dei, torço pra que essa moça não esteja mentindo, e isso só o tempo dirá.

eliana pires de souza disse...

Nao sei o que está sendo veiculado no Brasil sobre isso, mas o neonazismo e a xenofobia na Uniao Européia sao uma realidade bastante evidente. Lendo o teu post Mateus, lembrei daquele brasileiro que foi assassinado no metrô de Londres, depois dos atentados nessa cidade... essa noticia me chocou muito entao, foi como cair na real sobre a vulnerabilidade do ser humano quando se parte para a generalizaçao de maos dadas com o preconceito.
As distâncias sao cada vez mais curtas e as barreiras cada vez maiores, existe um desejo de negar a existência do outro, a existencia da miséria e da necessidade nos lugares onde o "estado de direito" garante todas as necessidades inventadas de hoje em dia. A imigraçao é percebida por muitos como ameaça, numa intensao de negar o outro lado da globalizaçao.
A forma como convivem diferentes culturas no Brasil, amenizando rancores, é um estado utópico para o resto do mundo, e nao ha mais casos de agressoes a brasileiros no exterior primeiro porque existe uma simpatia generalizada pela naçao, e segundo porque a diversidade é tanta que nao existe um biotipo padrao e muitos passamos incógnitos.
A perseguiçao a africanos, árabes e sulamericanos com traços indígenas é uma obviedade, pelo menos na Espanha.
Como mulher fico triste em saber o comentário da imprensa Suiça... ainda que seja consciente de que é a vebalizaçao de um sentimento coletivo.
Resumindo, de turista a imigrante existe um abismo incrível.

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