quarta-feira, 8 de outubro de 2008

As eleições e o Planejamento Urbano

Hoje li dois textos muito bons. Coincidentemente, falando sobre eleições, planejamento urbano e dão como exemplo o Rio de Janeiro (que é um caos urbano!)
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O primeiro, no jornal A Notícia, na coluna semanal do Arnaldo Jabor, que fala sobre as coisas simples, em que "só os visionários enxergam o óbvio".
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Relata um conversa com Paulo Rabello de Castro, diretor do Instituto Atlântico, mais dedicado à busca de soluções do que a angústia dos problemas. E diz: "Paulo tem fama de visionário para uns e de pragmático para outros. Eu o considero um mix: visionário do pragmatismo. Ensaio com ele um papo desesperançado de carioca típico, mas Paulo revida e dispara idéias animadoras, arquejante de fé, anulando meu sorriso desiludido que tanto nos consola, justificando a depressão e o chope. Paulo é rápido e inteligente e fala em possibilidades para o Rio..."
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Depois, navegando, encontrei no Terra Magazine, do Bob Fernandes, a segundo texto: Uma entrevista com Jaime Lerner, falando exatamente o que o primeiro texto relata. De como é fácil acabar com os problemas nas cidades. Basta ter planejamento. "O futuro está na superfície", diz Lerner, rebatendo o que milhares de candidatos prometiam em seus planos de governo: O Metrô. Fala também de sustentabilidade, green buildings e do novo tripé do urbanismo: mobilidade, sustentabilidade e socio-diversidade.
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Em um trecho da entrevista ele fala: "...jamais um sistema (de tranporte urbano) pode competir com o outro no mesmo espaço. Aí você começa a ver que eles são complementares. Tenho certeza que, assim como hoje, os financiamentos só acontecem quando você prova seu compromisso com o meio ambiente. Daqui a pouco, esse compromisso vai ter que ser com a sustentabilidade. As cidades serão obrigadas a melhorar seu sistema de transporte. Hoje, 75% dos problemas de emissões de carbono estão nas cidades. A gente fica assistindo, no mundo inteiro, a essas discussões. Muitos pensam que a sustentabilidade está em novos materiais. É muito importante, mas não é suficiente. Outros acham que está nos edifícios verdes (green buildings). É importante, mas não é suficiente..."
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Pra variar, o arquiteto/urbanista dá uma aula de urbanismo e planejamento. Qualquer pessoa entende o que ele fala. Isso é ótimo. Desmistifica conceitos furados que políticos tentam enfiar goela abaixo, e elucida o que poderemos prever para nossas cidades... Logo na entrada do seu site, ele cita: "Cidade não é problema; Cidade é solução."
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Vale a pena ler os dois textos. Em A Notícia e Terra Magazine
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2 comentários:

Unknown disse...

Sei lá... sei que o Jaime Lerner fez muito por Curitiba, mas as vezes acho que fala besteira. Já lesse o livro dele Acupuntura Urbana? Outra coisa que discordo é sobre o metrô. É certo que os custos de construção são altos e que a maioria das cidades brasileiras não têm orçamento suficiente, mas a longo prazo é ótimo investimento. Dura anos...muuuitos anos, os primeiros metrôs estão ai para confirmar que é a melhor maneira de organizar o sistema urbano de uma metrópole. Como político, ele é um bom urbanista...

Ahh, e depois que tive a oportunidade de participar de uma mesa redonda com ele aqui em Sevilla, parece que meu conceito baixou mais um pouquinho sobre a sua pessoa.

mateussz disse...

Pois é Glenda. Eu gosto dele, inclusive do livro que citasse. Claro que como político, ele faz e fala algumas besteiras... Eu acompanhei alguns planos de governo (sou fanático por horário eleitoral!! :P) e todo mundo diz que a solução é o metrô... Mas dizem sem estudo, planejamento apropriado - pura promessa. Nisso eu vejo que o Lerner tá certo. a mobilidade urbana deve ser complementar, seja ela por meio de ciclovias, metrô subterrâneo ou superfície, ônibus articulado...
Penso que o grande problema de planejamento é a visão que a população tem sobre o transporte público, que é visto como deficiente e feito para o "povão". O poder público incentiva o uso, mas não usa!! O legal no Brasil, é ter carro zero. é ter a "liberdade" de não depender do coletivo, e ficar horas em congestionamentos. Em suma, é um ciclo vicioso, longe de ser virtuoso.

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